Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM)
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Amanhã é o dia internacional da mulher. Um dos presentes que a mulher Santarena pobre vai ganhar é pagar mais caro a passagem de ônibus. Certamente que ela não foi consultada, nem seu marido, nem seus filhos. As mulheres, cujas famílias ganham um salário mínimo ou mais, ainda terão um pequeno andamento de renda, mas só irão receber no fim do mês e a passagem aumenta agora no início. E as mulheres cujas famílias não ganham um salário fixo, nem têm carteira assinada, ou vivem de bolsa família, como vão suportar mais esse aumento do preço da passagem de ônibus?
Os empresários alegam que os preços andam muito defasados e não conseguem manter seus carros. Aí a prefeita cedeu, aumentando o preço da passagem. E o que exigiu em contra partida? Que 10% da frota seja renovada. Não ficou claro até quando esse montante será renovado. Mas, se houver 150 ônibus servindo as linhas de coletivos na cidade, significa que apenas 15 ônibus novos entrarão em circulação, e 135 ônibus continuarão servindo mal os usuários que pagam mais caro a partir de agora.
E porque não foi exigido primeiro que fossem recuperados todos os canos de escape que detonam fumaça, gás carbônico 100% dos ônibus? Santarém não é uma São Paulo, mas proporcionalmente a poluição de gás carbônico lançada diariamente pelo fumacê dos ônibus é semelhante ou pior que São Paulo. Só o ISAM não vê ou não tem poder para exigir que tais ônibus saiam de circulação até serem concertados.
O SMT tem poder de controlar o Conselho municipal de transportes mas, provavelmente dirá que não sua competência proibir ônibus com escape desregulado continuar circulando nas ruas. Aumenta-se o preço da passagem, melhora o ganho dos empresários, mas não se protege a saúde publica. Além disso, a prefeitura passa a ser co responsável pela poluição ambiental, a mudança climática, a saúde das pessoas que andam nas ruas da cidade.
Cada ônibus que dá um arranco de saída nas ruas é um jorro de fumaça preta lançada no ar e nos pulmões de quem está por perto. Se a prefeitura tem autoridade para aumentar o preço da passagem, porque não tem autoridade para exigir imediato conserto dos canos de escape e demais fontes de poluição dos ônibus? A justiça para ser boa tem que ser completa.
Obs:
O texto acima, sobre o- Dia Internacional da Mulher – nos chegou após a postagem do DIA DE PROTESTO, do mesmo autor.