Hoje começa o Tríduo Sacro no calendário cristão-católico :5ª feira santa, dia da instituição da Eucaristia, do Lava-Pés e da Missa do Crisma, ocasião em que os padres renovam o seu compromisso sacerdotal na presença do Bispo;6ª feira santa, dia da Paixão e Morte de Cristo: sábado, dia do grande silêncio pois, na fé, aguarda-se a Ressurreição de Cristo que revive como Luz do mundo, realizando, assim a sua passagem salvadora no meio da humanidade.

De onde vem essa fé na Ressurreição?
O fato mesmo da Ressurreição, o desenvolvimento da passagem de Jesus a um universo além da morte, escapa, evidentemente, a uma constatação direta.Dessa forma, os evangelistas são discretos ao narrá-la. Mas, ao contrário, como numa revanche, eles sublinham os fatos constatados por aqueles que foram mais próximos a Cristo e que lhes permitiram crer nessa ressurreição.
Eles encontraram o túmulo aberto e vazio, na manhã de Páscoa, apesar do aparato policial lá colocado pelos sacerdotes da Lei. “Ele ressuscitou, não está mais aqui” – foi o anúncio lançado às mulheres que lá foram naquela manhã pascal, para completar os ritos funerários. Os apóstolos tiveram várias aparições do Cristo ressuscitado. Jesus se fez ver , dizem eles, não como um fantasma nem como um mortal que vem à vida após um estado de coma . Na ocasião das aparições , Ele é, muitas vezes, Aquele que se senta à mesa e come com eles e por eles se deixa tocar, mas num estado diferente , pois Ele se deixa ver quando quer e a quem Ele quer.

Como interpretar esses fatos?
Desde as origens,os adversários do cristianismo negaram a ressurreição de Cristo. Para o filósofo pagão, Celso (século II dC), trata-se de um grande fraude; os discípulos montaram o embuste tendo roubado o cadáver de Jesus.Para diversos historiadores modernos, os discípulos, vítimas de alucinação coletiva, creram ter visto Jesus vivo.A confiança total dedicada a Ele não podia ser decepcionada pela morte trágica de Cristo.
Aos olhos dos cristãos, ao contrário, Jesus ressuscitou verdadeiramente. Ele triunfou da morte e do mal, permitindo, assim, a todos que cressem nEle, de participar desse momento e poder viver eternamente com o Senhor.Foi o que escreveu pelos anos 56 dC o apóstolo Paulo aos Coríntios:”Se Cristo não ressuscitou, nossa pregação está vazia (…),nós seríamos falsos testemunhos (…) .Se nós colocamos nossa esperança apenas para essa vida, nós somos dos homens os mais dignos de lamentação. Mas não, Cristo ressuscitou, como primícias dos que morreram.” (I Cor. 15, 14-21).

É necessário entender bem o que disse o apóstolo Paulo, e após ele, a fé dos cristãos.Não se trata simplesmente de um retorno à vida anterior ( como a ressurreição de Lázaro). Jesus não voltou a viver como anteriormente. Ele entrou num outro universo que não é mais o nosso universo da matéria, do espaço e do tempo. Ele está vivo, com uma vida nova, na glória de Deus.
Essa convicção é uma convicção de fé e os cristãos não podem apresentar uma prova científica da ressurreição de Cristo. Eles sublinham quanto é difícil de explicar o testemunho dos apóstolos e mártires, a difusão do Evangelho e os dois mil anos de cristianismo , se não se admite, na origem desse enorme movimento, m fato misterioso, porem real, que lhes permitisse de levar a sério a palavra de Cristo: “Eis que estou convosco todos os dias até o final dos tempos”.

Cristo morreu dentro da celebração da Páscoa dos judeus; ela atraía a Jerusalém uma enorme multidão, o que explica a prudente presença do Tetrarca da Galiléia, Herodes Antipas e a do Procurador Romano,Pôncio Pilatos.Pressentindo a iminência de sua morte, Jesus, se dá como alimento em sinal da Nova aliança anunciada pelos profetas – é o seu corpo oferecido pela humanidade, em forma de pão e seu sangue derramado em forma de vinho. Esta Aliança, agora vai ligar para sempre Deus aos homens e será definitivamente selada pela morte de Cristo, na hora em que no Templo eram imolados os cordeiros visando a Páscoa judia. Mas a nova Páscoa de Cristo, exprime-se na sua Ressurreição, vitória sobre a morte e todo o mal, pela qual Jesus se revela como o Filho de Deus e abre à humanidade a plenitude da vida em Deus, objeto de sua missão.

Os primeiros cristãos fizeram de cada domingo o memorial da Ressurreição do Senhor. No II século , a Igreja escolheu celebrar solenemente cada ano, a festa da Páscoa, data fixada após a primeira lua da primavera.
Na celebração da Vigília Pascal, o famoso hino que canta o anúncio pascal – o Exulte – proclama :
” Só tu noite feliz, soubeste a hora em que Cristo da morte ressurgia; e é por isso que foi escrito : a noite será luz para o meu dia. Ó noite de alegria verdadeira, que prostra o faraó e ergue os hebreus, que une de novo ao céu a terra inteira, pondo na treva humana a luz divina”.

FELIZ PÁSCOA PARA TODOS.

Professor de Antropologia da Uneb, da Cairu, da Faculdade 2 de Julho. Membro do IGHB, da Academia Mater Salvatoris,, da Associação Nacional de Interpretação do Patrimônio – Anip, Br. Colabora nas Paróquias da Vitória e de S. Pedro.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]