Quatro novos beatos do Brasil! Finalmente os santos do maior país católico do mundo estão aparecendo e sendo propostos pela Santa Igreja para nosso modelo e intercessão. Após a canonização de nosso primeiro santo, nascido no Brasil, Frei Antônio Galvão, canonizado por Bento 16 em maio último em São Paulo, tivemos agora quatro novos bem-aventurados.
A primeira foi a jovem Albertina Berkenbrock (1919-1931), mártir da pureza aos 12 anos de idade. É descrita pelas testemunhas como menina bondosa, sacrificada, ativa nos trabalhos de casa e paciente, sofrendo em silêncio até as ofensas dos irmãos. De profunda fé e piedade eucarística, apesar de seus poucos anos, alcançou alto grau de maturidade espiritual. No dia 5 de junho de 1931, enquanto, por ordem do pai, procurava um boi do rebanho familiar que se desgarrara, apareceu um vizinho, conhecido como Maneco, que já matara uma pessoa. Como amigo da família e empregado de um tio de Albertina, ofereceu-se para ajudá-la a encontrar o bovino. Indicou-lhe um bosque próximo dali, onde dizia ter visto o animal. Chegando junto do bosque, Maneco começou a agarrar Albertina, tentando deitar-se sobre ela. A jovem pura, percebendo sua intenção, resistiu desesperadamente até que o homem, vendo que não conseguia seus perversos intentos, sacou de um canivete grande e cortou o pescoço da jovem virgem, que teve morte imediata. O assassino, com incrível hipocrisia, participou do velório e várias testemunhas notaram estranho fenômeno: cada vez que ele se aproximava do caixão da mártir, a grande ferida do pescoço começava a sangrar.
O Padre Manuel Gómez Gonzalez (espanhol) com seu coroinha, o jovem de 15 anos, Adílio Daronch (catarinense), foram martirizados no dia 21 de maio de 1924 em Nonoai, Santa Catarina, por um grupo de revolucionários, inimigos da Igreja e em ódio à fé cristã.
Albertina foi proclamada beata no sábado, 20 de outubro, em Tubarão, S.C., e o Pe. Gonzalez com o jovem Daronch no dia seguinte, domingo, 21, em Frederico Westphalen, também em Santa Catarina. Os três foram declarados beatos pelo Cardeal José Saraiva Martins, em nome do Santo Padre Bento 16.
E para encerrar o ano, no dia 2 de dezembro, tivemos em Salvador da Bahia a beatificação da Irmã Lindalva Justo, das Irmãs da Caridade de São Vicente de Paulo. Nascida no Rio Grande do Norte, fez o postulantado em Nazaré da Mata (Pe). Sua história é também dramática. Muito jovem e bonita, foi enviada a Salvador para o Abrigo Pedro II para idosos. Lá trabalhava com zelo e dedicação com um grupo de abrigados, entre os quais se encontrava Augusto Peixoto. Interpretando equivocadamente a dedicação da Irmã Lindalva, Augusto apaixonou-se por ela e vivia fazendo-lhe convites indecorosos. Na 6ª feira santa, 9 de abril de 1993, veio o trágico desfecho. A santa Irmã resistiu aos seus convites e ele a assassinou com 44 facadas. Mais uma corajosa mártir da pureza cristã, imitadora de S. Cecília, S. Maria Goretti, Beata Alexandrina Dias da Costa, portuguesa, e tantas outras.
Que o exemplo desses nossos jovens mártires seja estímulo e incentivo para o despertar de novas vocações sacerdotais e religiosas em nossa juventude.
Arcebispo emérito de Maceió.