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Às vezes a tortura consome momentos…
Envelhecemos atônitos!
Mãos comprometidas, inertes!
A palavra furiosa pergunta…
O invasor insolente decreta a nostalgia…
Palcos iluminados aplaudem disfarçada marcha…
Bandeiras empoeiradas na falsidade de promessas insustentáveis…
Às vezes na calada da noite teus passos sinalizam sombras…
Melodias dedilham um instante passageiro…
Sonho enlouquecido devora a terra seca e sedenta de ternura…
A escuridão estremece na lentidão da respiração do pensamento…
Exausto na perplexidade do sentimento sufocado, apunhalas a sensatez do coração…
Às vezes a solidão soluça em linhas ocupadas…
O silêncio explode na urgência de novos atalhos…
Na esquina, a febre dos que atravessam a vida carregando destroços,
farrapos encardidos, desfigurados…
Alma cansada de ser real…
27.12.2004