No campo da filosofia a imaginação ganha novos ares e passa a ser estudada além do descrito acima que a massa mais ignorante teima em manter vivo.
Tomando por ponto de partida a definição de Mendes dos Remédios: “Existe em nós uma faculdade de combinar ente si os conhecimentos e a de formar outros a que não corresponde à realidade alguma. Essa faculdade é a imaginação. Ou seja, a capacidade de produzir idéias novas.”

Agora vemos uma idéia nova de conceito. O manto obscuro do simples definir sem pensar está rompido. Aleluia!
Contudo essa faculdade mental de criação de idéias novas não é a mesma em todos. Ela se difere de pessoa para pessoa. Temos assim uma imaginação mais criativa em alguns e por isso sujeita a aplausos de muitos: os grandes inventores por exemplo. Noutros essa capacidade é um perigo, quando rompido o campo da realidade e da fantasia. entrando no mundo da loucura. Nossos temidos e sombrios assassinos são um caso disso. E nos demais essa capacidade pode, simplesmente, atribuir-se a mesmice das respostas, da obviedade dos fatos… Enfim, não há uma imaginação diferenciada.

É preciso ter claro que aquilo que se cria a partir da imaginação não pode ser considerado totalmente “novo”. Uma vez que, para o resultado alcançado serviu de modelo outro já pré existente. O pintor não cria um quadro totalmente novo de uma paisagem, pois a paisagem reproduzida foi uma extração de sua memória. A representação da natureza pelo pintor nada mais é do que uma projeção já vista e percebida, anteriormente, ficando oculta no interior do artista até o exato momento da projeção para a tela.

A imaginação pode até se apresentar como uma capacidade se antever o inexistente, ou de presentificar o futuro, criando o que não existia, mas que poderá vir a existir. Uma imaginação mais criativa, mas que ainda assim não foge a afirmação do criar do já pré-existente e já pré-concebido. No entanto, alguns autores a classificam em dois tipos: imaginação criadora e reprodutora. Respectivamente, a primeira surge da reprodução dos contatos a partir de nossos sentidos. A outra do âmago de nossas imaginações mais criativas: o caso das telas dos pintores. Há, porém, uma dificuldade em separar imaginação de percepção, visto que ambas caminham de mãos dadas. Seria a percepção a porta de entrada para a imaginação, pois esta precede da primeira. Imaginemos-nos em uma sala de aula desconhecida. Devemos nos apresentar uns aos outros. À medida que a apresentação decorre olhamos para cada pessoa não somente pela descrição física, mas somos levados, por condição humana, a imaginarmos a pessoa apresentada naquilo que a descrição física não nos permite ou nos faz pecar pela impressão: o jeito, os gostos, o caráter, a opinião, o jeito de amar… “podemos por assim dizer que a que a imagem seria uma percepção fraca e a percepção seria a imagem forte”. (Marilena Chauí)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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