(Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM)

Às vezes e muitas vezes se é tentado a perder a esperança de que o mundo venha ser melhor e de que as pessoas venham a ser menos egoístas. Quando se vê tanta perversidade, corrupção, guerras, desigualdades sociais, corre-se alto risco de descrer no ser humano. Mas, quando se tem notícia de que a solidariedade acontece também em muitos casos e em vários lugares, aí se recupera um pouco do otimismo e da esperança de que um outro mundo é possível.

Existem não só pessoas, mas grupos e organizações que dedicam tempo e recursos para salvar vidas, defender os injustiçados.

O líder de assentamento fundiário em Santarém, que está ameaçado de morte por lutar pela causa justa sua e de seus companheiros, foi convidado a participar de um encontro internacional. A organização que o convidou se dedica a dar apoio direto a qualquer pessoa que é ameaçada de morte por defender os direitos humanos de outras pessoas ou grupos.

Em seu retorno do encontro, o líder santareno contou que esteve por dois dias vendo e escutando 100 outros líderes ameaçados de morte dos mais variados países da África, Ásia, Europa e Américas. E o que o impressionou mais foi a disposição solidária da organização protetora dos ameaçados. Vivem seus sócios num país de primeiro mundo mas têm os corações solidários com os que sofrem, mesmo sem os conhecer de perto.

Pessoas que dedicam a vida a ajudar a salvar vidas, proteger pessoas que sofrem por também dedicar a vida a defender os direitos de seus semelhantes. Para quem se julgava quase um herói da luta dos assentamentos fundiários na região de Santarém no Pará, o líder ameaçado reconheceu que há centenas de colegas no mundo, muito mais corajosos e solidários.