Digo ADVENTO
e os teus Profetas
falam-me de rios no deserto,
rebentos brotando em troncos carcomidos,
lobos e cordeiros brincando juntos,
derrotados regressando à pátria,
coxos saltando de alegria,
cegos vendo,
grávidas sonhando um filho teu Ungido.
Digo ADVENTO
e recordo um povo
de Patriarcas, Juízes, Reis, Sábios,
Sacerdotes, santos e pecadores
caminhando por entre víboras e chicotes,
alternando Terra Prometida com exílios,
a fidelidade a Javé com o culto aos baals,
a solidariedade social com a exploração
de órfãos e viúvas.
Digo ADVENTO
e ouço o clamor dos hebreus no Egito,
o canto de luta dos israelitas na Babilônia,
a súplica do resto de Sião,
as expectativas dos crentes de Tessalônica,
o desespero dos concentrados em Awchwitz
e outros campos,
o grito mudo dos famintos e moribundos
na África, na Índia, em Bangladesh,
o pânico dos atingidos por terremotos, ciclones
e outras catástrofes naturais…
o sofrimento indizível de milhões de miseráveis, oprimidos, excluídos
na América Latina… no Brasil…
e a tua garantia ao vidente de Patmos:
“Sim, EU venho em breve”.
Digo ADVENTO
e junto-me à prece do salmista:
“Que as nuvens chovam o Justo
e da terra germine o Salvador”.
Ecoa em mim o testemunho do profeta:
“Deus é fiel”
e repito a invocação do teu Apóstolo:
“VEM, SENHORJESUS!”
Digo ADVENTO
e no coração cresce a torrente
de vinte séculos e milhões de vozes
ecoando de todos os povos, raças, tribos e nações:
“Marana tha: VEM, SENHOR JESUS!”
“Maran atha: O SENHOR JESUS VEIO E VEM!”
Digo ADVENTO
e sinto que Tu já estavas
nesta caminhada irresistível, mas insegura,
neste grito claro, mas indefinido,
nesta certeza arraigada, mas exposta.
E eras Tu que vinhas de longe
ao encontro daquele DEUS-CONOSCO
sabido porque esperado,
esperado porque prometido.
Digo ADVENTO
e sinto que Tu estás
e vais e vens
conosco.
E é NATAL!!!
Sim, Tu és fiel, Tu és santo,
SENHOR-JAVÉ, EMANUEL-JESUS,
O DEUS-CONOSCO até o fim!
Glória a Ti!
Torres Novas, dezembro de 1991
Obs: Imagem enviada pela autora.