Viver é uma vocação, um chamado. A primeira vocação, o primeiro chamado é o chamado à vida. Portanto, chamados à vida, somos, ao mesmo tempo, convidados a percorrer um caminho, fazer uma caminhada. Aliás, uma longa e exigente caminhada, marcada pela experiência de Páscoa, pela dinâmica pascal: entre sombras e luzes, sinais de morte e de vida, cruz e ressurreição… A dinâmica de Deus, o autor da vida, porém, sempre nos prova que a última palavra é da Vida, da Luz, da Ressurreição. Essa verdade nos enche de ânimo para enfrentar os obstáculos e ultrapassá-los. Lança-nos em direção à meta que temos diante de nós, a exemplo de Paulo e do profeta Elias: “Lanço-me em direção à meta, em vista do prêmio do alto, que Deus nos chama a receber em Jesus Cristo” (Fl 3,14). “E [Elias] continuou a caminhar mais um dia pelo deserto. Por fim, sentou-se debaixo de uma árvore e desejou a morte, dizendo: ‘Chega, Javé! Tira a minha vida, porque eu não sou melhor que meus pais’. Deitou-se debaixo da árvore e dormiu. Então um anjo o tocou e lhe disse: ‘Levante-se e coma’. Elias abriu os olhos e viu bem perto da cabeça um pão assado sobre pedras quentes e uma jarra de água. Comeu, bebeu e deitou-se outra vez. Mas o anjo de Javé o tocou de novo e lhe disse: ‘Levante-se e coma, pois o caminho é superior às suas forças’. Elias se levantou, comeu, bebeu e, sustentado pela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até o Horeb, a montanha de Deus” (1 Rs 19, 4-8).
O próprio Jesus, ao ser enviado a este mundo, tinha uma meta, uma escolha clara: realizar a redenção da humanidade, realizando a vontade do Pai, conforme a palavra do Salmo: “‘Aqui estou’ – como está escrito no livro – ‘para fazer a tua vontade”‘(Sl 40, 8-9). Para isso, Jesus teve que percorrer um longe e exigente caminho que foi da encarnação até a morte e, por esta, à ressurreição.