“Ó que saudades que eu tenho da aurora da minha vida!…”

E quem não sente saudades do seu tempo de criança?
Quem não queria voltar a ser criança?
Quem não carrega dentro de si um grande pedaço daquela criança que foi há muito tempo?
Entretanto, para que o sentimento mais bem vivenciado pelas pessoas invada-lhes o coração, evocando aquela época feliz, inesquecível, única, é necessário que alguém se lance numa luta intrépida na defesa da criança, garantindo-lhe os direitos humanos e o respeito na casa, na escola, na rua, na creche ou seja lá onde for.
Exigindo-se ainda daquele admirável trabalhador conforme alguém afirmou: estudos e pesquisas de cientistas, criatividade de poeta, combatividade de jornalistas e coragem de inovador.
Acredito, porém, que há um só requisito que supera todos esses e resume-se no único necessário para o desempenho a que se propõe o abnegado lutador – um amor, um amor sem limite por todas as crianças, de modo especial pelas crianças desamparadas.

Gostaria de fazer aqui uma referência especial ao escritor polonês JANUSZ KORCZAK autor de vários livros, entre eles QUANDO EU VOLTAR A SER CRIANÇA.
Ele foi um incomparável amigo das crianças, doando-lhes sua pessoa, toda a vida, culminando com a mais heróica das provas. Estava confinado num gueto em Varsóvia, com suas duzentas crianças. Por ser judeu, recusou a salvação e preferiu ser arrastado ao famigerado campo de concentração, para ser assassinado pelos desumanos nazistas, juntamente com os seus pequeninos que não quis abandonar.

Aqui aplicam-se bem as palavras sagradas: “prova de amor maior não há do que doar a vida pelo irmão.”
Deveria haver um “DIA INTERNACIONAL DE JANUSZ KORCZAK” e ter o seu retrato nas escolas do mundo inteiro para que todas as crianças pudessem prestar homenagem e conhecer aquele que foi seu maior e verdadeiro amigo.

Todas as crianças merecem cuidados e atenções especiais, pois, mesmo criança de classe média e até rica descobre em alguns dias de sua vida, que ser criança não é um mar de rosas.
Ao lado das alegrias dos momentos bonitos, como um dia de sol na praia, um cachorrinho encontrado na rua, uma festa de aniversário, um DEZ alcançado numa prova, são tantos os problemas!… A criança sente-se incompreendida, injustiçada e geralmente suporta tudo isso, calada, submissa.

“Para nós, não existe direito nem justiça, somos uma classe oprimida”, escreveu um pequeno escritor.
Realmente no mundo dos adultos a criança não tem importância. Eles têm sempre mais o que fazer do que se preocupar com os interesses dos pequenos. Não compreendem certas atitudes, tristezas, trelas, agressões e amizades daquelas coitadinhas crianças.
Devemos procurar, ou melhor, devemos sempre compreendê-las. Pois, “quem não se tornar como criança, não entrará no reino dos céus”
.

( autora de Retalhos do Cotidiano)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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