– “Quem ele pensa que é? Só porque cursou Letras, Jornalismo, Filosofia, Teologia quer dar uma de bom. Anda pelas ruas como se fosse o dono do planeta. Pés descalços, roupas sujas. Cabelo embaraçado. Pedindo sustento-trocado”.
– Senhora tem pão duro?
– Tenho pão fresco serve?
– Não, prefiro pão duro.
– Já está na hora do almoço fiz arroz, feijão, frango com polenta, salada de legumes. Quer almoçar comigo?
– Não, só quero pão duro.
– Mas, não tenho assim. Posso passar geléia, manteiga em um pão de hoje… Tem leite, café quentinho.
– Se não tem pão duro… Não interessa.
Não se despediu, nem agradeceu.
– “Mas também agradecer por quê? Não tenho o que ele queria”.
E lá se foi o ilustre senhor, cabeça erguida, andar de fidalgo. Cantando em língua estranha, seguia todo feliz. Parecia satisfeito.
– “Que raiva”.
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Bauru/SP
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Obs: Imagem enviada pela autora