Luiz Moura 26 de julho de 2007

Não conheço nenhuma universidade do mundo que em seus cursos de educação tenha apresentado ou oferecido os evangelhos como manual de pedagogia a ser estudado pelos alunos; nem ao menos entre os maiores pedagogos da humanidade se tenha apresentado a figura Jesus de Nazaré. O que tem acontecido, vez por outra, e isso é louvável, é algum educador cristão criativo fazer uma releitura dos evangelhos na ótica da pedagogia. Mas isso só tem acontecido em celebrações de formatura de cursos de licenciatura, sobretudo de pedagogia.

Em História das Idéias Pedagógicas (1993), o pensador Moacir Gadotti quando expõe o pensamento pedagógico oriental, apresenta Lao-Tsé como exemplo de educador e o Talmud como fonte da educação hebraica mas não Cristo nem os evangelhos. No livro inteiro dedica à pedagogia de cristo apenas umas 06 linhas, quando afirma: “do ponto de vista pedagógico, Cristo havia sido um grande educador, popular e bem sucedido. Seus ensinamentos ligavam-se essencialmente à vida. A pedagogia que propunha era concreta: parábolas inventadas no calor dos fatos, motivados por suas numerosas mudanças pela Palestina. Ao mesmo tempo, dominava a linguagem erudita e sabia comunicar-se com o povo mais humilde”.

A vida inteira de Jesus de Nazaré foi uma escola; tinha um projeto bem definido e uma metodologia que se adequava a qualquer situação. Qualquer espaço era um espaço educativo. Se a gente observa melhor pode-se classificar a ação pedagógica de Jesus como revolucionária pois não age como doutores da lei e os fariseus, considerados os mestres do povo. Ainda pequeno, debate com os doutores no templo; encontra-se sozinho em lugar público (poço de água) com uma mulher estrangeira e pecadora; dependendo da situação reúne-se com um trio, ou com um grupo (os doze) ou um grupo maior (os setenta e dois) ou ainda com uma multidão. Seu jeito de educar inspirou até cancioneiros da música popular brasileira que fizeram o Brasil inteiro cantar:

“Ei! Irmão
vamos seguir com fé
Tudo que ensinou
O Homem de Nazaré
… não cursou nenhuma faculdade
mas na vida ele foi doutor.
…Ele revolucionou o mundo inteiro.”

Ao longo de 20 séculos inspirou inúmeros educadores que nos mais diversos lugares viveram esta pedagogia com uma carisma ou marca especial e a divulgaram até os confins do mundo: Inácio de Loyola, João Batista de la Salle, Marcelino Champagnat, Paula Frassinetti, Maria Mazzarello e João Bosco, entre muitos outros. Dificilmente, em algum lugar do mundo não se encontre uma escola marista, jesuíta, salesiana ou mesmo dorotéia marcando presença entre crianças, jovens e adultos com a educação cristã.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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