“Pai afasta de mim este cálice”.
Afasta de mim esta dor insuportável;
dor de cruz, dor de abandono.
Afasta de mim este cálice transbordante de sangue,
adornado de espinhos cruentos e dilacerantes.
Afasta de mim o sofrimento do opróbrio da humanidade.
Afasta de mim o cálice da morte,
o cálice do completo extermínio.
Tu, Pai, desejas a minha morte?
Por que devo retornar ao teu coração de amor
com as mãos perfuradas de cravos
e o peito transpassado pela lâmina
dos impiedosos sanguinários?
Deixa-me permanecer na agonia do Getsemani.
Pai o caminho do Calvário
é o caminho dos condenados,
descaminho dos criminosos.
Pai, que crime cometi diante dos teus olhos?
Meu crime foi falar que o teu Reino
é um reino de paz, de justiça e de amor?
Pai, porque tenho que deixar os meus amigos,
os meus discípulos sozinhos?
Onde fica a minha vontade,
os desejos de meu coração, Pai?
Eu sou o teu único filho.
Pai, o cálice que queres que eu beba
é amargo, crucificante, intragável.
Pai, teu cálice provoca dentro de mim
revolta, impotência e resignação.
( 07.03.2007 – Carpina/PE)