Arcebispo emérito de Maceió.

“No âmago da cultura do Ocidente, e não só do Ocidente, Jesus constitui um ponto de referência tão decisivo e importante, que tudo o que lhe diz respeito, afeta também não só a nós, cristãos, mas também aos não-cristãos e descrentes. Daí se explica porque os meios de comunicação social têm tanto interesse em ter Jesus como alvo” – esclarece um dos maiores teólogos da atualidade, o arcebispo Bruno Forte.

A historicidade de Jesus, fora dos Evangelhos e dos escritos cristãos, é atestada por Flávio Josefo, judeu, servidor do Imperador Vespasiano, em duas de suas obras, “Guerra Judaica” escrita entre 75 e 79 e “Antiguidades Judaicas” de 93 a 94 da era cristã. Há ainda o famoso texto da carta de Plínio, o Jovem, escrita pelo ano 102 d.C. ao Imperador Trajano, em que informa dos cristãos, que costumavam “stato die ante lucem convenire carmenque Christo quasi deo dicere” – “num dia estabelecido reunir-se antes do amanhecer e entoar hinos a Cristo, como se fosse um deus”. Há referência a Cristo nos Anais de Tácito, a propósito do incêndio de Roma no ano 64 e outras referências de Svetônio pelo ano 120. Do Imperador Adriano, temos as normas dadas ao procônsul da Ásia, Minúcio Fundano, de como tratar os cristãos, que foram conservadas na História Eclesiástica de Eusébio. São poucas referências, mas se tratando daquela época e da remota região do Império que era a Palestina, são mais do que suficientes para comprovar sua historicidade. É de notar apenas que esses escritos não-cristãos nunca se referem ao nome de Jesus, mas somente a Cristo.

Os túmulos agora apresentados pelos dois cineastas, James Cameron (do Titanic) e Simcha Jacobovici, como sendo da família de Jesus e que são do 1º século da era cristã, na verdade foram descobertos na região de Talbiot no início dos anos oitenta. Como esses, existem muitíssimos túmulos dessa época espalhados por toda a Palestina. Os arqueólogos israelenses, que fizeram o achado há mais de vinte anos atrás, negam qualquer prova arqueológica do sepultamento de uma suposta família de Jesus. Séculos de arianismo, de ateísmo, e o iluminismo do século XVIII não conseguiram apagar a absoluta historicidade da verdade cristã da ressurreição de Jesus. Muito menos jamais se imaginou que Jesus tivesse se casado com quem quer que fosse e gerado descendência.
Quanto aos nomes que supostamente estariam gravados nos túmulos, é bom lembrar que se são em hebraico ou aramaico não possuem vogais. Essas foram colocadas pelos massoretas apenas já no século IX da era cristã. Assim sendo, nomes como Jesus, José e Josué se escreviam com as mesmas letras, isto é, JS. A prática da leitura oral da Bíblia é que os distinguia. Como então se poderia afirmar que uma determinada inscrição fúnebre seria de Jesus e não de José ou Josué?

Afinal o que se pode ver em tudo isso é o desejo de fazer publicidade barata em torno de um filme a ser lançado, na esteira do que foi feito com o tristemente célebre “O Código Da Vinci”. E nossos diretores de cinema, metidos agora a arqueólogos e biblistas, fizeram um exame de DNA dos restos mortais encontrados nos túmulos e como foi constatado que não eram parentes, concluíram – suprema lógica! – que então Jesus era casado com Madalena (?). A revista VEJA, que como é sabido não morre de amores pela doutrina católica, ironiza tal conclusão dizendo que é “ficção demais até mesmo em Hollywood” …
Para nós, que cremos no Senhor Ressuscitado, permanece o testemunho da Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém, onde se venera o glorioso sepulcro vazio de Jesus.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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