Conheci-o desde 1967. Ele com uma venda de alimentos e bebidas. Também pescador, tinha agulha, não a frita, mas às vezes se mexendo, ainda viva. Passava a agulha, recém pescada e com um berrante anunciando a venda. Todos os escutavam, o apito era forte, na praia de São José da Coroa Grande.
Uma vez perguntei ao seu filho, Marinho, se o pai fora já sacristão. Disse que não. Ouça o motivo.
Menino, Amaro morava em São Bento, um lugarejo alagoano de Maragogi. Era um mês de maio, onde os moradores iam a capela para rezar, diariamente, o terço em louvor a Nossa Senhora. E cantavam os hinos marianos “Ave, ave, ave Maria.”
Uma noite, Amaro entra na capela, vê o povo compenetrado, rezando e cantando. Deita-se no banco e adormece, não vê mais nada. Terminada a reza, todos saem, conversa vai, conversa vem, fecham portas, janelas. Amaro continuou dormindo até duas horas, depois a madrugada o desperta. Levantou-se, assustado, no escuro, procura a porta por onde entrara. Só encontrou uma corda grossa que era do Sino e balançando-se nela, o sino tocou, tocou, saudando a noite e a madrugada. E foram os católicos chamados, novamente a rezar. A praça da capela se encheu de gente, de curioso, sem entender aquilo. E o sino tocava…
Abertas as portas, encontraram Amaro, chamado, agora, Amaro Sacristão.