Rasgamos o tempo e tentamos apagar marcas…
Ignoramos a sonoridade das lágrimas e o brilho do olhar esquecido em nossas mãos…
Um sentimento de medo se impregna nas veias e não identificamos o instante da partida…
No disfarce sepultamos essências…
No silêncio a dor enigmática do abandono/indiferença…
No grito abafado o perigo de margens opostas,
passos desencontrados…
A solidão do ser humano não é outra coisa, senão o seu medo de viver, diz EUGENE O’NEILL.
Faz parte do palco a fantasia mascarada, o escuro ludibriado, a sedução do perigo alucinador…
Faz parte do ser o semblante em chamas,
fragilidade amedrontada, percurso distorcido…
Importa o estranho não provocar espanto…
Importa a voracidade de sonhos no exercício da liberdade…
Deciframos a perplexidade sem a possibilidade de sermos devorados…
Na incerteza de sustentarmos emoções, a palavra se esconde em disforme solidão…
Embriagado canto a melodia amadurecida, esquecida no corpo suado e febril…
03.12.2006