9 de novembro de 2006
Morri em vida e nem notei. Vontade de nada fazer. Parar no tempo, agora. Deixar que ele passe e me deixe aqui quieta, sem voz, sem barulho, sem ordens a cumprir. Aqui exatamente nesta cadeira onde só sinto o vendo e aqui aculá, o canto de um pássaro. É uma solidão gostosa.
O bater de um bife lá longe.
O motor de um carro que passa.
O falar do moço a vender verdura.
A sirene que toca no vizinho.
O carro de carne que chegou aqui ao lado.
O avião bem alto a exibir seu barulhento motor.
Me sacolejam dizendo: Silêncio e paz minha amiga, só se tem depois da morte! Junte-se a nós. Nós somos vida, vibração! Aprenda conosco. Me animei, e batendo firme os pés no chão, segui com eles a completar o barulho que faltava.
21/07/06
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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