19 de novembro de 2006
Velho poeta,
Quantas vicissitudes
Temos nós,
Quando estamos sozinhos
E as nossas mãos curtidas
Carregam nossos amigos mortos
Permanentemente,
Sem queixas e sem mágoas,
Atravessando as mesmas ruas
Onde outrora éramos boêmios,
Pisávamos o mesmo chão,
Que agora esconde piedade,
Sem que a cidade diga:
– Lembro-me de ti.
Alegraste minhas ruelas
Sob embaçado luar,
Cortejando as minhas mulheres
Tão solícitas quanto foste.
Velho poeta,
Agora é quase noite
E eu olho para a minha cidade
E piedoso choro
Porque não há mais sonho.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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