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Não há, neste país, um organismo tão bem controlado quanto a instituição escolar. Tudo deve obedecer as orientações vindas do Ministério de Educação que estabelece exigências voltadas para as necessidades do mercado neo-liberal. Liberdade e criatividade sim, desde que não fujam dessas exigências. O ensino religioso escolar não serve para as necessidades do mercado e por isso quase foi descartado, não fosse o grito dos diversos organismos ligados às escolas católicas. O governo recuou e o ensino religioso, a duras penas, foi aprovado. Mas há de vir para as escolas de ensino fundamental e médio o que já está acontecendo no ensino superior: a fiscalização, como parte da avaliação institucional.

Estas páginas apresentam propostas, oferecem elementos para que coordenadores e professores de ensino religioso das escolas católicas possam organizar sua grade curricular, respeitando a peculiaridade de cada local.

Grande parte dos estudantes como também grande número de jovens de nossa sociedade não conhecem o Jesus no qual cremos. O fato de ser provenientes de famílias tradicionalmente cristãs não significa que eles sejam verdadeiros cristãos. A fé cristã dos jovens confiados às nossas escolas não se expressa em experiência de cristianismo mas em estruturas que, às vezes, chegam até negar a essência de cristianismo: é a cristandade e ela é mais secular que cristã. Neste contexto, o ensino religioso deve ser capaz de inspirar e fomentar o amor cristão para além das instâncias acadêmicas e administrativas como uma resposta possível ao questionamento existencial do ser humano.

O ensino religioso deverá desempenhar importante papel, não só no contributo as outras disciplinas na investigação do significado do existir humano, mas oferecendo também perspectiva e orientação não contidas em seus conteúdos e metodologias.
O que há de mais crucial no ser humano é a incessante busca de um sentido para a vida. O ser humano sempre tentou isto. Não é toa que Victor Hugo afirmou: “só merece viver quem tem um grande amor ou um grande ideal”. A tarefa do ensino religioso consiste no questionamento e na de um sentido para a vida. Por isso o estudante, partindo da vida concreta confrontando-se com as grandes culturas e tradições religiosas, poderá perceber as experiências de busca de sentido para a existência humana. O passo seguinte é percorrer o caminho do povo nas pegadas da tradição judaico cristã, vendo em Jesus Cristo uma resposta possível ao anseio do coração humano. Bem distante de uma linha espiritualista ou intimista, o ensino religioso deverá conduzir o estudante a formar lideranças e refletir os problemas da vida em vista de ações transformadoras. Este ensino não se poderá ater à doutrina. é necessário uma preocupação com uma boa formação espiritual, ética, política e cultural.

Fundamentalmente, a primeira preocupação que se deve levar em conta, no uso do conteúdo temático é, se tem serventia ou não. Ele foi preparado para servir e ajudar mas se achar que não serve é melhor descartar. Nenhum conteúdo previamente preparado deve tolher a criatividade tão característica do professor e professora de ensino religioso. Acima de tudo a criatividade. Um conhecimento adequado da psicologia das idades – psicopedagogia – é condição essencial para organizar sua grade curricular ou programa de curso. As diferenças regionais e as peculiaridades de cada local são aspectos importantes que devem ser levados em consideração. Será possível uma grade curricular ou programa de ensino religioso para uma província religiosa? Possível será mas, não será possível canonizar ou solutizar tal programa ou grade.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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