Lila Costa 11 de novembro de 2006

Intitulei assim, pois viajar é uma arte, infelizmente existem pessoas que não gostam, têm medo, acham complicado sair da sua zona de conforto para se aventurar por regiões desconhecidas. Por melhores que sejam os meios de transporte, mais velozes e eficientes, às vezes falham e causam alguns transtornos. Para os que não gostam de viajar isto já acaba com o encanto da viagem e serve para desestimular. Para os que gostam ao contrário, servem para dar sabor e aumentar o assunto e as experiências de viagem.

As viagens têm ar de férias, tanto em grupo como isoladamente elas, são sempre maravilhosas.
Em julho/2005 fui com mais 10 pessoas (parentes e amigos)ao Sul do Brasil, em especial as Serras Gaúchas e Catarinenses, nosso propósito era conhecer e curtir o frio.
Fiquei encantada com Gramado. Cidade limpa, organizada, onde tudo funciona. Turismo de primeiro mundo. Em alguns momentos quando entrávamos nas lojas tomávamos um susto (eu em particular) ao ouvirmos as atendentes falando português, pois tinha a impressão que estávamos a em outro país. Tudo lembrava o exterior, Alemanha por exemplo, desde os tipos físicos, as construções e os locais de diversão. A colonização alemanha foi bastante forte, todos sabemos.
Conhecemos o entorno de Gramado, que faz parte do pacote turístico, Canela, Caxias do Sul, Garibaldi, Bento Gonçalves, Carlos Barbosa (primeiro governador do Rio Grande do Sul) e de onde sai a Maria Fumaça, passeio turístico, até Bento Gonçalves. Em cada estação onde o trem parava, eram servidos vinhos e queijos e com música ao vivo. Não posso deixar de mencionar a programação artística em todo o percurso da Maria Fumaça, humorista, música regional, dançarinos, homens e mulheres que tiravam os passageiros e passageiras do trem para dançar. Nessa região a presença italiana é bastante forte. Fomos às vinícolas na área urbana e zona rural, sempre com degustação. Vistamos também as casas do primeiros colonos italianos. Era como se estivéssemos tendo uma aula de história ao vivo.

Findos 5 dias curtindo todas estas maravilhas, bem diferentes de tudo de bom que temos aqui no Nordeste, fomos para Cambará do Sul, distante de Gramado 50 km. Nos hospedamos em uma fazenda, onde tinha a casa grande do pais do dono da pousada e construção nova, a pousada, com finalidade hoteleira. Cambará do Sul cidade que nasceu em função da extração de madeira, a araucária. Que foi quase totalmente erradica da região. Hoje a extração é proibida e protegida pelo IBAMA e a cidade é como se fosse uma cidade fantasma, uma vez que a base econômica foi extinta. Todavia a região é rica em grandes Cannyons: Fortaleza e Itaimbezinho, incluídos no roteiro turístico, que dá suporte a economia do município.

Tivemos oportunidade conhecer a cidade mais alta e mais fria do Rio Grande do Sul, 1.410m acima do nível do mar, São José dos Ausentes. Ausentes, porque sempre que os proprietários de terras eram procurados para resolver alguma pendência perante o fisco, estavam ausentes. Ficamos em um hotel fazenda, onde também ficou hospedada a equipe da Rede Globo, encabeçada pela jornalista Glória Maria, fazendo uma reportagem sobre as regiões mais frias do Brasil. Vimos também o vídeo sobre este assunto. Tivemos também a oportunidade de interagir com turistas de São Paulo e de Porte Alegre, cujos encontros são enriquecedores.

Não posso deixar de mencionar o aconchego e o carinho que nos foi dispensado. A região tem como atração também um grande e lindo Cannyon. Tive oportunidade de presenciar um espetáculo inusitado, o sol nascendo e a lua cheia se “escondendo”, em um começo de manhã extremamente fria. E presenciei também as primeiras rotinas do dia em uma fazenda, bem distante da capital, onde tudo funciona e a vida acontece normalmente como em qualquer lugar: homens indo para o curral tirar leite nas vacas, transporte chegando para levar as pessoas para cidade, o mesmo que leva em época escolar, as crianças para a escola, o responsável pela primeira refeição, já na cozinha. Levanta mais cedo que os demais, para ir dando início as tarefas pertinentes. Tomei com ele na cozinha, um cafezinho para esquentar, pois eu era a primeira hóspede a sair do quarto, naquela manhã tão fria. Durante a manhã fizemos o tradicional passeio para vermos o Cannyon e após o almoço partimos em direção a São Joaquim-SC, a cidade mais fria do Brasil. Deixamos saudosamente, em particular para mim, a região das araucárias, planta que fazia parte do meu livro de leitura na escola primária. Quando cheguei na região, fiquei até emocionada, pois senti como se as araucárias tivessem feito parte da minha infância.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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