Dois filósofos da Antiga Grécia dialogaram certa vez:
– “Que vem a ser lei?
– A expressão da vontade do povo.
– O que determina esse povo? O bem ou o mal?
– Certamente o bem.”
Que auspicioso seria se os nossos políticos, os candidatos às próximas eleições e, sobretudo, os nossos legisladores, assimilassem e vivenciassem a conversa daqueles sábios gregos.
Estamos em plena campanha eleitoral, sinônimo de guerra desenfreada em busca da vitória nas urnas, pois, a competição é grande, preocupante.
Os candidatos arregimentam-se, usando todos os meios lícitos ou escusos para a manutenção ou conquista do poder social, político e principalmente econômico.
Tudo é acionado e impulsionado pela força do interesse próprio. E o povo? O triste e pobre povo onde fica? O que lhe está reservado?
Os partidos políticos se coligam e “descoligam” vergonhosamente em troca de favores, ocasionando na população um descrédito total nos mesmos e em seus líderes, pois “quanto menos os homens pensam, mais falam.”
Órgãos são transferidos de uma região para outra, ou mesmo extintos, como a Sudene e já se falou algo sobre a Chesf. Tudo regido pela LEI DO INTERESSE. O interesse acima de tudo!…
Esse desempenho interesseiro de nossos compatriotas, que deveria ser com generosidade, desaparecido, levou o conhecido Barão de Itararé a satiricamente afirmar: “a postura do político brasileiro é realmente ovípara: ele vive às claras, devora as gemas e não despreza as cascas.”
Os nossos políticos deveriam se conscientizar de que são os legítimos representantes do povo e, assim, colocar-se em seu lugar, assumindo-lhe as necessidades, sofrimentos, carências, dores, sua vida.
O verdadeiro político é aquele que espontaneamente abraça a edificante VOCAÇÃO DO SERVIR, ressaltando as belas palavras da grande mestra Gabriela Mistral: “quem não vive para servir, não serve para viver.”
Entre outras várias definições, POLÍTICA é a arte de bem governar os povos.
E eu pretensiosamente definiria: POLÍTICA é a escolha generosa do SERVIR.
Por isso, o político cujo desempenho do seu papel é autêntico, merece respeito e gratidão de todos pela sua disponibilidade, generosidade e pelo sacrificar dos seus negócios comprometendo seus lucros e seus interesses vários, até familiares.
Ele deve se empenhar na elaboração de leis justas e com aplicação eqüitativa para todos.
Pois o nosso país que se diz democrático, parece mais uma oligarquia, concentrando poder, vantagens, altos salários, aposentadorias especiais, com tempo reduzido de serviço a pequenos grupos, parlamentares, Presidente da República etc, etc.
Injustiça!… Muita injustiça!… Somente injustiça!…
Conclamemos os militantes da política brasileira para lutar por uma acertada e reta legislação, desprovida de injustiça e egoísmo e cujo alvo principal seja a satisfação e a vontade do povo. É verdade que “a parte mais complicada do sucesso coletivo é encontrar alguém que fique contente com ele”.
Que a LEI seja executada legitimamente, diz São Paulo.
Boa é a LEI quando executada com retidão, lembrando ainda que todo poder em excesso desaparece.
Enfim, diante de tanto descrédito naqueles políticos, “cujo mal não é a falta de persistência, mas a persistência na falta”, do descrédito também nos governantes, “argumento mais forte” de tanta violência, injustiça, da dolorosa fome local e mundial, façamos nosso o slogan do 2º Fórum Social Mundial de Porto Alegre (30.01 a 02.02.2002): UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL.
E acrescentemos otimistamente:
UM OUTRO BRASIL É POSSÍVEL.
(autora de Retalhos do Cotidiano)