D. Edvaldo G. Amaral 17 de setembro de 2006

Arcebispo emérito de Maceió

Não falo aqui dos políticos brasileiros, que irão disputar os votos do eleitorado no já bem próximo dia 1o de outubro.Quem nos dera ter outra vez em nossa política um Adroaldo Mesquita da Costa, gaúcho, Ministro da Justiça do Governo Vargas, que a atual geração nem conheceu e foi homem de profunda fé católica e sincera prática religiosa! Não foi como os atuais mercenários das crenças evangélicas, que para galgarem o poder se apresentam falsamente com uma Bíblia debaixo do braço…

Falo de Robert Schuman, presidente do Conselho de Ministros, chefe do Governo francês, de julho de 1948 a janeiro de 1953, em oito governos sucessivos da França do após-guerra. Sendo, ao mesmo tempo Ministro do Exterior, lançou em 9 de maio de 1950 o famoso Apelo, que fez nascer uma Europa unida. Com ele, estavam os chefes de governo dos países vencidos Alcide De Gasperi, da Itália, e Conrado Adenauer, da Alemanha, ambos também cristãos convictos, de profunda prática religiosa.
Schuman foi preparado pela Providência para a grande obra de restauração e união da Europa, dividida e destruída pela II Guerra Mundial. Nascido em 1886 no pequeno Luxemburgo, de pai loreno e mãe luxemburguesa, assimilou desde a infância as duas culturas, francesa e alemã.O jovem Schuman fez exame de maturidade em Metz, com o direito de freqüentar as Universidades alemães. Formado em Direito em 1921, tomou por lema “Fazer o bem”. Empenhado nos movimentos de inspiração católica, teve excepcional mestre de vida espiritual na pessoa do bispo de Metz, Dom Benzier, que fora abade da famosa abadia beneditina de Maria Laach, centro da renovação litúrgica da Alemanha. Foi ele quem levou o jovem advogado a aprofundar seus estudos em S. Tomás de Aquino. Fez seu ingresso na vida pública em 1919 eleito para o parlamento francês pela União Republicana e encarnando sua fé católica no serviço prestado ao povo. Afirmou com convicção que “a democracia deve sua origem ao cristianismo. Ela nasce, disse no Parlamento francês, no dia em que o homem é chamado a realizar em sua existência temporal a dignidade da pessoa humana, na liberdade individual, no respeito aos direitos de cada um, mediante a prática do amor fraterno.” Assistiu atônito a ascensão do nazismo e foi membro do governo de Petain. Preso pela Gestapo, foi mantido em prisão domiciliar vigiada por sete meses até que conseguiu fugir e passou a guerra escondido em diversos mosteiros, vivendo com monges. Eleito para o parlamento em 1946, retornou à vida pública como Ministro das Finanças no governo Bidault. Dizia que “os cristãos devem desempenhar da melhor maneira possível sua atividade, seja qual for, porque trabalham sempre para a edificação do Reino de Deus sobre a terra”. Schuman viu sempre assim a política. “É preciso fazer com que o nosso progresso espiritual caminhe sempre com as vantagens materiais”. Com seus esforços, nasceu a Comunidade Européia do Carvão e do Aço, daí o Mercado Comum e hoje, a União Européia.

Foi introduzido na Congregação dos Santos o processo do Servo de Deus Robert Schuman.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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