O pagamento de três meses atrasados ia sair naquela sexta-feira. O dinheiro era entregue ao diretor, este pagava no colégio. Uma bolsa grande de couro foi providenciada. O gerente do Banco do Brasil, Guararapes, Moura permitiu o desconto do cheque depois da hora. Dois professores o acompanhavam como guarda-costas. Segundo a ironia, o pagamento se realizaria no sapotizeiro em frente à escola. Depois do pagamento e do expediente, muitos foram aos comes e bebes, numa feliz comemoração. Noite alegre, muita vibração. A música de ficha era a novidade e o ritmo quente era o tyiste. Surgiu, então, um ritmo novo, inventado por um professor: o tufoste. Passes treinados, a radiola se fez silêncio toda a turma dançando.
Lá pras tantas, a despedida. Alguns foram levados, especialmente para as mulheres ciumentas arquitetando os variados álibis.

Cheguei, abri o portão e o terraço sem grade de ferro. Fecho o portão. Antes deixo a bolsa, com o dinheiro no banco lateral do jipe. Abro a porta, na ponta dos pés, deito-me. Sou acordado depois de muito balançado. A ajudante foi comprar o pão, sete horas, e na volta viu a bolsa bem visível, deixada no carro.
Dou um pulo e agarro ligeiro a bolsa. Dinheiro pago, a pagar, troco, tudo cálculo mais cálculo.
O povo, antigamente, era mais honesto?
Pra minha felicidade, tudo estava certo, Já pensou, se fosse o contrário?…

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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