Há quem diga ser a palavra travessia astuta em busca de turbulências, razões confusas e disfarçadas…
Há quem traduza o silêncio como arma poderosa, sinônimo de sabedoria, momento prateado e raro apontando atalhos…
O ser humano na sua fantástica (ir)racionalidade consegue mascarar a vida em armados cenários de aquarela e cordas vencidas pelo uso (in)discriminado e degradante…
Estar atento ao cotidiano aquece argumentos, amadurece a consciência e faz explodir a (in)diferença na transparência de fatos concretos e na escuta de essências profanadas pelo medo e interpretações alienadas…
Marcola, denominado, como o traficante, foi entrevistado pelo GLOBO e se diz “sinal de novos tempos”. Suas colocações deveriam ser elemento de reflexão e não exclusão de sanidade mental, pois a verdade reina no contraditório e o amor habita em palácios, prisões e alagados…
Nós somos o início tardio de vossa consciência social, diz Marcola ( leitor de Dante), concluindo ser a “morte o presunto diário desovado numa vala.”
Importa a nossa dimensão coerente e corajosa…
Importa o permanente questionamento e se “há muita chama no coração do bandido” como canta Fagner e Zeca Baleiro em Palavras e Silêncios, pergunto: o que habita em nosso pálido olhar escondido entre mãos sujas e omissas?
29.06.2006