Lila Costa 8 de julho de 2006

PARA UMA VISÃO GLOBAL

Conhecemos o microscópio e o telescópio, instrumentos que permitem o mergulho no infinitamente pequeno (células, micróbios e vírus) e no infinitamente grande (o cosmo, planetas e estrelas).
Na atualidade estamos diante de outro infinito, o infinitamente complexo. Porém não dispomos de instrumento que permita vasculhar esse universo.
Rosnay pensou em um instrumento que lhe deu o nome de macroscópio. Instrumento simbólico, complexo e metafórico.
O macroscópio é aquele instrumento que além de ver aumentado, é específico para ver as partes (que são dinâmicas, que estão constantemente “se modificando, interagindo e mudando) inseridas no todo. A exemplo do que acontece com as “Bonecas Russas”, as matriokas, são perfeitamente encaixadas e cada uma encerra um saber (planeta, sociedades dos homens, suas economias, as cidades, as empresas, os organismos vivos e as células) que se complementam.

Com o macroscópio o olhar é ampliando para facilitar a aproximação.

Rosnay se preocupa, com o homem, partícula micro no contexto macro da ciência, natureza, ecosistema e demais sistemas.

Estamos diante do infinitamente complexo, a vida, a sociedade e dispomos apenas de um “cérebro nu, uma inteligência e uma lógica desarmada”. É evidente que não poderia existir um instrumento preciso para estudar células tão complexas, únicas e tão imprevisíveis, como nós e todo o contexto em que vivemos.

Dada a diversificação de conhecimentos, só uma metodologia nova, pode reunir e organizar os saberes com vista a uma maior eficácia da ação. Tem que estar apoiada na noção de sistema aberto, onde possa haver inter-relação, trocas, permeabilidade e transparência para que se possa transitar de uma ciência (sistema) para outra de forma livre e sempre somando.

Nos sistemas abertos, vivos, auto-regulados, a interação é constante com os mais diferentes temas: ecologia, economia, cidade, empresa, educação (universidade) e organização. Pois permitem a modificação um do outro, não são lineares, são de difíceis previsibilidade, e estão sempre emergindo características novas. O processo é dinâmico e interconectado. Não se trata de blocos estanques, estáveis, sem conflito e sem diversidade, pois se assim fosse seriam sistemas fechados, fadados a morte. O princípio da complexidade é a recursividade: um influenciando o outro, numa cadeia.

Rosnay com toda a sua capacidade inovadora e de vanguarda, parece que nada escapou ao seu olhar. Através do seu macroscópio ele conseguiu ver o macro e micro, de forma inter-relacional, mas bem atento aos efeitos que o macro vem produzindo ao longo do tempo no micro, o homem, as pessoas e fez uma proposta: a partilha (quem troca não se empobrece) e a solidariedade (bem estar comum).

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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