Com expressiva participação de jovens observadores do mundo inteiro, reuniram-se recentemente no Vaticano os cientistas que integram a Pontifícia Academia das Ciências Sociais, com numerosos peritos da comunidade científica mundial, sob a presidência da professora Mary Ann Glendon. O atualíssimo tema dessa sessão plenária foi: “A juventude está desaparecendo? Solidariedade para com as crianças e os jovens numa época de turbulência.”
Na oportunidade, o Santo Padre Bento 16 dirigiu à Presidente uma mensagem, na qual aborda com acuidade o tema central da reunião. “Os índices demográficos, diz o papa, estão indicando claramente a necessidade urgente de uma reflexão crítica sobre o problema da natalidade no mundo.” E explica: “Enquanto as sociedades estão envelhecendo, muitos grupos de nações não dispõem de número suficiente de jovens para renovar a população.” Aí está colocado o gravíssimo problema mundial, que podemos assim resumir: a taxa da natalidade cai assustadoramente no mundo e em muitos países, não há jovens em número necessário para a renovação de sua atividade como Nação. Bento 16 ainda acrescenta: A situação atual é resultado de causas múltiplas e complexas, de índole econômica, social e cultural, mas as raízes últimas são morais e espirituais. Há inquietadora diminuição da fé, da esperança, e, na realidade, do verdadeiro amor, sempre fecundo e lançado para o futuro, e retomando um dos temas favoritos de sua Encíclica “Deus é Amor”, afirma categoricamente: “Ter filhos exige que o eros fechado em si mesmo – no prazer pessoal e meramente carnal – abra-se para um agápe criativo e clarividente. O amor agápe é generoso e se caracteriza pela confiança e pela esperança no futuro.”
Seguindo o Santo Padre, podemos dizer: Falta o amor oblativo. Do mero amor erótico, não temos crianças, faltam jovens e, para muitos países industrializados da Europa, faltam trabalhadores para manter seu alto desenvolvimento industrial. A cultura cristã desses países corre sérios riscos, ameaçada por uma imigração de origem cultural e religiosa, completamente alheia às bases de sua cultura européia e cristã.
Ensina ainda o nosso Papa: “A falta desse amor criativo e clarividente talvez constitua o motivo por que tantos casais decidem renunciar ao casamento e tantos matrimônios malogram.” As crianças e os jovens – outra triste conseqüência da deturpação do verdadeiro amor, puro e santo – em vez de se sentirem amados e estimados, parece que são simplesmente tolerados.
(*) É arcebispo emérito de Maceió