O amigo leitor (como se costuma dizer) não vá pensar que o modesto articulista queira com este título afirmar que Dom Bosco, falecido em 1888, haja usado o micro-computador, como se chama esta máquina, que também atende pelo nome de PC, que seria – no famigerado inglês – “personal computer”. Na verdade, desde a metade do século passado ninguém mais pensa em redigir um texto, fazer operações bancárias, tomar informações, comunicar-se com os amigos, consultar bibliotecas e realizar mil outras simples ou complexas operações, sem esta maquininha, que está na mesa de todos nós, nas casas, nos bancos, nas repartições públicas, nas lojas de todo tipo e enfim, não sei onde ela não está.

Mas, voltando a justificar o título acima, vamos à coleção dos 19 volumes das Memórias Biográficas de D. Bosco, no volume 16, onde se narra a visita que ilustre sacerdote do clero de Milão fez a Dom Bosco em 1883. Amante da cultura, aquele sacerdote nos dois dias que passou no Oratório de Valdocco-Turim foi conhecer minuciosamente as salas de aula e as oficinas das escolas profissionais, ficando admirado com a técnica tipográfica, onde encontrou os recursos mais modernos e completos da mecânica da época. Congratulando-se com Dom Bosco pelo avanço técnico de suas instalações, ouviu do Santo a frase famosa que conservou na memória: “In queste cose, Don Bosco vuol essere sempre all’avanguardia del progresso” – “Nestas coisas, Dom Bosco quer sempre estar na vanguarda do progresso”.

Acontece que o ilustre sacerdote em questão era Pe. Aquiles Ratti, então novel sacerdote, que assessorava Mons. Ceriani na famosa Biblioteca Ambrosiana, e mais tarde foi eleito cardeal-arcebispo de Milão e Papa com o nome de Pio XI. O papa da beatificação de D.Bosco em 2 de junho de 1929 e da canonização na Páscoa de 1º de abril de 1934. Recordando com estima seu encontro pessoal com o Santo que ele canonizou, o grande Pio XI lembrou a frase do fundador dos Salesianos em três oportunidades: no discurso sobre a heroicidade das virtudes do novo Servo de Deus em 20 de fevereiro de 1927, na audiência de inauguração do Instituto Pio XI em 11 de maio de 1930 e aos alunos dos Seminários romanos em 17 de junho de 1932.
E é assim que se justifica o título acima. Isto é, Dom Bosco não teria deixado de utilizar o computador e certamente deseja que seus Filhos o usem com competência e contínua atualização, na forma mais moderna e eficiente possível, para o serviço de Deus e o anúncio da Palavra.

(*) É arcebispo emérito de Maceió.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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