2 de julho de 2006
Um poema se faz
Com palavras, cores e sons.
Sobretudo expectativas,
O amargo fel da boca,
A paisagem ausente,
E o imprevisível.
O duro ritmo,
O brotar da lágrima no peito.
Às vezes se faz sonho.
A inconsútil filigrana
Do mito que renasce numa lágrima,
Transfigurado em noite,
Que nunca chegará a ser manhã.
É o vento a varrer a madrugada,
A punhalada fria e cortante
Ao sonegar antigos labores,
Sangrando como lábios,
Sangrando como amores,
Ao som de uma viola enluarada.
Um poema se faz
Porque já existe.
E por existir,
Curte um pranto dorido
De mil mágoas,
E dói como uma saudade.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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