Noite fria de junho na cidade serrana de Garanhuns. Seu Antônio é o meu vizinho da frente. Está preparado para iniciar o trabalho de vigia, em área externa de uma empresa estatal. Paletó e capa de lã, um cachecol minimizam o frio de inverno daquele ano.
Ao sair de casa, ele se cruza comigo no caminho, ele saindo, eu chegando. Rapidamente, trocamos algumas palavras.
Ele: – Dois Antônios, em noite de frio
– Dois Antônios valem três homens. Assim dizia um padre, também Antônio.
– Pois é. Amanhã estou indo ao Recife, resolver o meu quem-quem
– Boa Viagem.
Despeço-me, fico matutando o quem-quem. O que é isso? Não consigo decifrar.
Aquela noite pareceu longa. Continuo nos meus afazeres, ao acordar. No terceiro dia, novo encontro. Pergunto:
– Então, tudo resolvido?
– Quase, faltam cinco anos para a aposentadoria. Vou receber mais um quem-quem. Quando me aposentar, recebo o último.
Explicado, graças a Deus. Bem mais poético e sonoro, o quem-quem em lugar de dois tremas, o chato qüinqüênio.