Tudo. Tudo podia ser diferente. Podia ter nascido em outro dia, em outro lugar, em outro país… De pais diferentes, falando outra língua, cantando outras canções, sonhando outros sonhos… É engraçado como a cabeça dá voltas quando se começa a pensar assim. É como se uma vida não bastasse para viver tudo que se gostaria… Entender todas as línguas, experimentar todos os climas, mergulhar em culturas que só conheço de livros… Conhecer pessoas de um outro mundo que não o meu, com pensamentos opostos aos que aprendi a pensar. Então, o que é certo para mim poderia ser impensável, quem sabe, até extravagante. Ao mesmo tempo em que isso parece uma divagação, quase devaneio, dá uma dimensão nova para cada experiência que vivo, cada julgamento que faço. Aquele assassino mal encarado poderia ser meu irmão de sangue, aquela situação terrível eu poderia estar vivendo, se… Eu poderia ser o soldado que atira, o refém que morre, a criança que foi abandonada ou o fotógrafo que faz dessas notícias matéria para o jornal que leio e jogo fora, não sem antes ver a agenda para o fim de semana…