Tem uma folha seca em meu jardim, e pensar que outrora verde impunha sua beleza, sempre que passava por ela admirava tamanha formosura. Era só uma folha. Exposta ao sol. Não se intimidava ao ser contemplada, sua importância e valor faziam valer o espaço por ela ocupado . Em dias de chuvas acolhia os pingos sinceros. Insistentes no aconchego de mais alguns instantes de vida brilho em seu plano proporcionado. Os pingos das chuvas traziam um brilho especial nas tardes acinzentadas. Mas era só uma folha que brotara direto do caule de uma imponente árvore. Não se sabe se foi arrancada ou se o tempo cumprindo sua missão a deslocou de sua morada. Ainda no chão estatelada serve de sustento às formigas que de pedacinho em pedacinho vão se alimentando de sua história. E eu de minha janela contemplo a transmutação daquele rebento que enquanto primavera cumpria majestosamente sua missão. Hoje inverno cortante segue a nutrir aqueles que sobrevivem de fartas migalhas por ela assim resumida.