Subiu a rua pensativa empurrando o carrinho cheio de latas velhas, garrafas, papelão e objetos recicláveis. Aquele dia era especial tinha alcançado seu objetivo. Venderia a mercadoria, depois passaria na livraria para comprar o livro solicitado pela professora, e poderia voltar para seu barraco pegar o caderno e ir para a escola. Neste dia entraria de cabeça erguida na sala de aula, com todo seu material. Havia trabalhando muito nos feriados para conseguir o dinheiro e comprar o livro de história. Sentia-se leve, ao cruzar a rua respeitando o semáforo, um carro esporte conversível parou ao seu lado. O jovem ao volante, olhando enojado a figura pobre e maltrapilha que empurrava algo como uma caixa grande feita de madeiras velhas e duas rodas gritou em ironia: “Ô vagabunda tira este treco do caminho, não está vendo que pode arranhar meu carro sua idiota!”. A moça sorriu e não disse o que pensou. Não valeria a pena. Seguiu seu caminho com uma única certeza. “Freud explica… E eu? Ser ou não Ser… Sei quem sou… (rs)”

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