“A palavra é o meu domínio sobre o mundo”, disse certa vez Clarice Lispector.
A Ciência, por sua vez, ensina-nos que as palavras nada mais são do que uma forma de expressão comunicacional do homem e, ao mesmo tempo, uma forma inata de o homem representar para si e para os outros o mundo que nos cerca.
A Bíblia, de outro modo, ocupa-se, em várias passagens, do tema “palavra” e, em assim sendo, numa dessas passagens, ensina-nos que a boca (palavra oralizada) nos apresenta aquilo de que está cheio o nosso coração. Isto é, em certa medida, toda palavra dita tem uma razão, por mais intuitiva ou irrefletida que seja, de ser. Ora, por que estou a dizer tudo isso? Por que, realmente, a palavra, assim como nos diz a poetisa, o cientista e a palavra de Deus, é um elemento importante no processo de construção das relações humanas. Às vezes, sem pecebermos bem, por uma palavra (mal)dita, nós trazemos benção ou maldição para alguém. Por isso, temos que usar a palavra – seja oral ou escrita – para construirmos, ao nosso redor e onde quer que estejamos, uma sociedade melhor, uma amizade melhor, um relacionamento melhor, uma vida melhor. Se não for assim, se não for com essa intencionalidade, de nada nos adiantará viver a vida da palavra, isto é, a vida pensada. Poemas encantadores, rimas formalmente perfeitas, mentes brilhantes, colocações não tão coloquiais assim, frases de efeito, repreensões eruditas ou não, saudações, exteriorização de pensamentos, “poetisação” da vida, comunicação, enfim, tudo isso são formas de expressão da nossa fraca humanidade e, desse modo, temos que entender que nada disso constitui um fim em si mesmo, mas tão-somente, a forma que Deus nos deixou para viver a nossa vida e a vida do outro. Esse deve ser o meu e o nosso “modus vivendi”.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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