……sonhei com o passado; passei o dia endeusando-o.
Viciei-me nas memórias, deixei-as crescer, qual vegetação
Luxuriante que cresce enredada em si mesma.
Semanas, meses, anos, assim fiquei.
O mundo me acabava nas grades do jardim,
Para que atravessá-las?.medo…? não, o medo
se gastara com o tempo e a derrota, ócio talvez,
pois este engendra todos os vícios!
Vicio, sim, do passado que deveria pertencer
somente a mim, afinal são as minhas memórias;
Memórias: o quanto elas são precisas? Será que
realmente teus olhos lampejavam ao encontro dos meus?
Será que minha alma sentia o teu calor mais intenso, ou via
Que sem nenhum favor tua beleza suplantava a de qualquer outra?
Essa pobre alma que se alimentava desse amoroso fogo, mas não
conseguindo aquecer-se, vivia atormentada pelo frio.
Será que devo então ultrapassar as grades do jardim, voltar ao
Presente, que como um vento, continua soprando em minhas costas.
Ou continuar nesse vicio que se transmuta em motivo de sofrimento e angústia para mim, que o sinto?
Sim devo ultrapassá-la!
Mas quem será essa mulher ao portão que me chama, e que ao virar pra fitá-la me faz sentir de novo o vento do presente em meu rosto, me fazendo sentir que não posso ter nenhuma virtude ou até algum bem, senão tiver eu, o Amor…..
O futuro dirá…….