Maria Inês Simões 30 de maio de 2006

Naquele canto desmilingüido. A criança chorava em um soluço abafado, franzina solidão. O que se passava não interessava aos grandes, ela era perfeita no que sentia. No que fazia não se expunha, apenas transbordava sentidos em águas salgadas a deslizarem em seu rosto miúdo. Fora abatida pelo infortúnio de ser gente desclassificada pela raça superior. Adultos ofegantes pela escolha de só ter. Na boca, procurava carícia e alimento ao sentir seus dedos finos e úmidos roçarem seu único céu. Encolhida buscava auxílio em si mesma, não confiava naquele teto que a cobria. Tendia a desabar. Não ligava, seu pensamento sobrevoava por castelos, planícies e aldeias. Onde seus pés descalços sentiam o calor de sonhos a conduzir suas quimeras.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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